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“Se o que eu sou é também o que eu escolhi ser, aceito a condição”

2 mar

Quando você decide mudar, o que muda? Não acho que a gente mude tão rápido quanto gostaria. Por isso mesmo é mais fácil mudar as coisas a nossa volta. Por isso é mais fácil trocar de estilo, mudar a maquiagem, usar uma roupa diferente. É mais fácil mudar de turma, sair com novas pessoas, frequentar um lugar novo. Mudar o resto é sempre mais fácil do que mudar a si mesmo.

Andei pensando em mudar. Mas mudar de verdade. Pensei em ser diferente, lidar com os outros de uma forma diferente. Mas será que preciso mudar tudo a minha volta para me mudar?

Acho que sim. Ninguém me entenderia, eu nem conseguiria ter coragem pra mudar assim tão rapidamente na frente de todos. As pessoas nunca te deixam mudar. Se você disse algo pra alguém, tem que levar aquilo como verdade até o final, as pessoas não aceitam que você mude de opinião. Você não pode mudar de opinião.

Não quero levar as coisas ao extremo, não quero ser assim até o final. Porque? Porque não estou satisfeita assim.

O único problema é que quando você consegue mudar tudo à sua volta, você se reencontra. Você percebe que não adiantou mudar de lugar, porque você ainda é você. E começa tudo de novo…

Como eu já disse eu não sou muito boa em recomeços…Mas e se eu tivesse uma nova chance? E se eu pudesse…e se eu conseguisse?

 

O velho e o moço – Los hermanos

“The end has no end”

2 fev

Eu nunca fui muito boa em recomeços. Talvez por isso eu nunca tenha sido boa em matemática. Eu simplesmente odiava ter que desmanchar todo o cálculo depois de ver que o resultado tinha dado errado, então eu sempre começava a procurar onde estaria o erro. O problema é que quando você procura o erro você nunca encontra onde errou. O ideal mesmo quando se erra um cálculo é apagar tudo e começar do início, com mais atenção do que da primeira vez.

Parece que durante muito tempo eu fiz isso: evitei o recomeço e tentei procurar onde foi que eu errei no decorrer da minha vida. Se fossem poucos erros talvez eu até conseguisse encontrá-los, mas receio ter coleções de erros. Na verdade, acho que todo mundo tem. Fazer o que? Nossa sina é carregar a nossa imperfeição.

Acredito que o mais importante em recomeçar é ser perseverante, é achar que vai conseguir encontrar o resultado desejado, é lembrar que errou, mas que também é capaz de acertar. Então quando você menos esperar vai chegar ao final e perceber que alcançou o resultado esperado, e assim você não vai mais precisar voltar apagando tudo e acabar se desmanchando.

The end has no end – The STrokes

“Ever and always. Always and ever.”

10 out

Descobri que algumas coisas dependem do seu ponto de vista. Visão é uma coisa fundamental em qualquer questão. E logo eu, tão egocêntrica, sempre limitada nas minhas próprias interpretações, nos meus próprios pensamentos…Supreendo-me quando alguém me apresenta o outro lado das coisas, novos aspectos, novas idéias.

E ao experimentar viver um pouco fora de mim, tentando ter uma visão nova, me pego agora adepta ao que critiquei. Sou agora a ilustração de uma contradição clássica: o que faço se tornou diferente do que digo. E eu que tantas vezes tentei fugir disso…Mas sinto-me feliz, apesar desse desconforto mental causado por mais uma crise de identidade que se gerou.

O problema é que percebi o quanto minhas idéias não são inatas, percebi quanto dos outros existe em mim e não sei até que ponto posso me libertar disso. Por esses dias, aprendi que ninguém tem personalidade pronta, nem idéia fundamentada, a gente vai construindo isso é com o tempo. Mudar de opinião é normal, o que é difícil é as pessoas se acostumarem com essa mudança.

Acho que nunca sofri nenhuma intervenção no meu caráter ou na minha personalidade, mas já sofri muitas influências. Existem momentos em que me encontrei exposta e sem nenhum conhecido por perto, e foi aí que descobri que eles estavam todos lá – os conhecidos- na minha cabeça, como se eu fosse um ser incompleto, como se fosse feita de fragmentos de idéias de outras pessoas.

Percebi que as influências nunca te abandonam, estão em todas as suas ações, te induzem e te perturbam. Além de que, muitas vezes, podem te levar ao erro, a negar o que você quer, a ir contra você. E é péssimo ver como você não reage, você simplesmente se ignora, se anula pra seguir o que os outros disseram, para ser quem eles querem que você seja. Então você descobre que perde tudo sendo assim, perde o melhor de tudo: experimentar e viver. Não há nada melhor que ter suas próprias experiências, ninguém pode viver nada por você.

Não existe coisa melhor do que sentir. Sejam sentimentos ou sejam sensações, não vejo como estar mais ligada comigo mesma. É uma coisa tão íntima e tão pessoal, ninguém nunca vai saber como é o jeito de sentir de ninguém. Assim como ninguém nunca saberá como é a sua percepção das coisas, aqueles detalhes que só você observa, aquelas sensações sem nome que você sabe exatamente quando vão surgir.

Foi dessa forma que descobri meu amor próprio. Foi por descobrir que ninguém nunca vai me compreender como eu mesma, que nunca vão sentir como eu sinto. Então descobri que me amo porque posso compartilhar tudo que vivo comigo. E sei que poderei me entregar, mergulhar de ponta cabeça, quebrar a cara e que conseguirei me perdoar depois. Eu sempre serei a única capaz de me perdoar pelo mal que fiz a mim mesma, pois serei a única capaz de compreender as emoções e sentimentos envoltos.

Once you had Gold – Enya

“Please don’t make this harder.”

23 jul

Quando eu era pequena tudo que eu fazia era esperar. Eu esperava que minha vida acontecesse. Achava que, em determinada idade, as coisas simplesmente aconteceriam. Era como se eu acreditasse em mágica, isso é que dá crescer assistindo a tantos filmes Disney. O prolema é que, a medida que fui crescendo, comecei a me perguntar “Quando é que o filme da minha vida começa?”.É, eu esperei demais a minha vida começar. Tarde demais eu descobri que já estava vivendo e que, infelizmente, aquele filme não era interessante.

É estranho quando se é criança e alguém te pergunta “O que você quer ser quando crescer?”. Eu me imaginava como uma pessoa completamente diferente, eu achava que mudaria de personalidade ou alguma coisa assim. Nunca pensei muito sobre profissões, respondia coisas como “vou ser médica” ou “quero ser professora”, mas na verdade eu respondia isso porque todo mundo esperava que eu falasse uma profissão.

Mas na minha cabeça eu sempre me imaginei casada e com filhos, uma vida parecida com a da minha mãe quando eu estava com 6 anos. E quando me imaginava mais nova, tipo quando eu tivesse 15 anos, me imaginava linda, feliz e espontânea. Eu sempre imaginava a seguinte cena: eu com meus longos cabelos cacheados, de calça jeans e mini blusa (eu usava quando pequena, mas nunca usaria agora), encostada em uma picape com uma turma enorme de amigos, após ter viajado quilômetros até a praia pra ver o entardecer.

E é justamente nesses momentos que a gente se engana. Sim, eu comecei a me iludir quando era criança, planejei coisas que nunca aconteceram. Na realidade, quando eu tinha 15 anos eu não era nada bonita. Não era nada feliz, estudava numa escola que eu odiava. E em hipótese alguma eu conseguia ser espontânea, até hoje raras vezes eu consigo. Quanto ao que eu vou ser quando estiver mais velha, eu não faço idéia mais. Sei que qualquer plano que eu faça, vai sair de um jeito completamente diferente, então não posso me dar ao luxo de me frustrar novamente.

Eu odeio o modo como as coisas nunca funcionam do jeito que você espera, porque eu perco tempo tentando analisá-las. Mas não adianta, a vida só te mostra que tudo que você sabe é completamente errado. E parece que quando você tenta fazer as coisas de um jeito certo todos vão contra você. Eu odeio o modo como as pessoas apontam os seus defeitos na sua cara e te dizem “você não é espontânea como fulana”. Eu odeio como coisas simples se tornam complicadas e como as pessoas são complicadas.

Ás vezes as pessoas me olham como se eu não tivesse problemas reais, como se eu fosse boba ou alguma coisa do tipo. “Sua família é perfeita, seus pais te amam”, sei disso! E não estou menosprezando nem nada, mas minha vida não se resume a minha família, eles não podem estar sempre comigo, não tomam decisões por mim, não vivem por mim. E justamente nos momentos mais difíceis da sua vida, quando você precisa desenterrar a sua coragem e prosseguir é que você vê o quanto se encontra sozinha. Não existe ninguém que possa fazer aquilo por você. O mínimo que seus pais ou amigos ou quem quer que seja pode fazer é  dizer “Boa sorte” antes de você ir e “Eu sinto muito” quando você voltar.

O tempo todo você está com você. Na minha agenda tem uma frase que diz “Não importa onde você vá, você sempre vai estar lá”. É verdade, não há como escapar de você ou pedir divórcio de você. Seus erros, suas escolhas, seus medos, suas inseguranças…Estão em todo lugar. Acho que é por isso que nos sentimos tão sozinhos, é muito peso pra levar, muita coisa pra dar conta.

Eu me lembro de uma vez quando eu era criança ter dito ao meu pai que o mundo tinha gente demais, que se só existisse uma pessoa no mundo, ela seria totalmente feliz. Meu pai só olhou pra mim com uma cara enigmática e disse “Será que seria mesmo?”. Eu fiquei pensando naquilo depois e descobri que a pessoa morreria de solidão. Agora, depois de muitos anos, tenho uma idéia diferente: o ideal não seria existir uma só pessoa no mundo, o ideal seria não existir nenhuma.

What ever happened? – The Strokes

“I love you more than being 17 “

7 jun

Tenho 17 anos. Essa é minha última semana de 17, na próxima terça faço 18 anos. E estava aqui a recordar como foi ter essa idade, me referindo ao período que correspondeu ao fim dos 16 e a esse início de 18.

Eu diria que ter dezessete anos foi muito turbulento pra mim. Da metade do ano passado pra cá minha vida virou de ponta cabeça, me jogaram baldes e baldes de água fria, eu me vi num mar no qual não conseguia nadar. Um mar de pensamentos paradoxais que giravam na minha cabeça a mil por hora.

O fim do terceiro ano, além de gerar todas as tradicionais tensões de final de ano, representou o fim do ensino médio, da escola, de uma etapa da minha vida. E sim, eu estava muito preocupada com isso. Não tinha a mínima idéia de como 2010 seria. Eu não sabia se queria ir pra faculdade, se devia fazer vestibular, muito menos qual curso eu deveria escolher. Acabei fazendo a inscrição, quase que sem motivo algum.

Mas o que eu mais me preocupava era com as amizades da escola, eu sentia que não saberia como manter minhas amigas por perto depois que a gente parasse de se ver diariamente. E eu fiquei com muito medo de perdê-las, fiquei com muito medo de me ver sozinha.

E então foi aquela correria: arrecadar dinheiro pra formatura (o que incluia vender caldo e rifa na festa junina da escola), reforçar os laços de amizade o máximo que eu pudesse, aproveitar o fim da escola (período “fácil” da vida) e recuperar minhas notas em matemática (sim, eu tava afundando). E nesse meio tempo ainda tive uma excursão, na qual eu literalmente quebrei a cara numa cachoeira, e tive a minha colação de grau. E além disso eu tirei o aparelho dos dentes e emagreci cerca de 10 quilos.

Sim, minha mente estava um caos. Então eu passei na primeira etapa do vestibular, sem estudar nem nada. E fiquei em pânico com isso, não sabia o que fazer. Decidi fazer cursinho pra segunda etapa e me matar de estudar. E no meio disso tudo eu conheci um cara, as aulas acabaram…Todo mundo estava de férias e eu passava o dia inteiro estudando. Tive crises e mais crises de choro de tão extressada que fiquei. Não vi passar o natal, muito menos o ano novo.

Então começou 2010 e logo na primeira semana eu já tinha 4 provas de vestibular pra fazer e um encontro com aquele cara. Eu estava mesmo no meu limite e não tinha a mínima idéia do que fazer com relação a nada.

Em janeiro viajei com a família, mas a verdadeira viagem estava mesmo na minha cabeça…Fui a lugares onde nunca tinha estado antes, minha mente estava confusa. Então o resultado saiu: eu passei! Eu gritei, pulei, chorei e entrei em crise de novo. E aquele cara…Nossa! Ele fez minha cabeça girar em câmera lenta e em velocidade máxima ao mesmo tempo. E aí eu me decepcionei, surtei e me alienei.

Fevereiro passou como se eu não estivesse vivendo. Março chegou com as aulas da faculdade e aquele choque que se tem quando se vê algo novo. Abril foi o mês da crise de querer trancar, de não se identificar com o lugar, de se sentir totalmente deslocada. Maio veio e me fez tentar ver as coisas de um aspecto melhor, daí fiz esse blog. E junho…Bom, junho ainda nem aconteceu direito.

Pois é, meus 17 foram um turbilhão de coisas. E é claro que eu acabei mudando junto com tudo ao meu redor. E quer saber? Foi ótimo ter essa idade, pois apesar de tudo que aconteceu, do bom e do ruim, eu tive oportunidade de viver e descobrir um monte de coisas que eu pensava que já sabia.

E nessa última semana eu me despeço de ter dezessete, e não posso mentir que por um lado estou aliaviada por essa idade ter passado. Agora que venham os dezoito, quero diversas coisas novas…Espero diversas coisas novas, mas talvez não sejam tão intensas como as coisas novas dos 17, que agora já são coisas antigas.

Talvez por isso eu nunca me esqueça dos 17 e acho que pra sempre vou me lembrar de como era ter essa idade. Um lado meu vai ficar nos dezessete, uma parte minha foi gravada pelo que se passou nessa fase. Não, eu nunca deixei nada pra trás, sempre continuei por inteiro. Mas agora eu sinto como se uma parte minha tivesse que ficar, como se eu tivesse que a deixar pra poder seguir. Acho que isso é crescer, é aprender.

Evening sun – The Strokes

“I got music coming outta my hands and feet and kisses”

17 maio

Música pra mim é um assunto complicado. Sempre tem alguém que faz aquela pergunta clássica “Qual o estilo de música que você gosta?”, e eu nunca sei como responder. Acho que foi depois de ser pega diversas vezes sem uma resposta pronta que passei realmente a tentar descobrir o que eu realmente gostava.

Então, por volta de 2005 eu fiquei viciada em assistir MTV. Era aquela coisa de tentar conhecer tudo pra descobrir do que se gosta. E aquele foi um grande ano da MTV, na verdade foi o melhor, os melhores programas e os clips também eram realmente bons. Além de que, justamente naquele ano, o Green Day lançou o álbum American Idiot, que combinava perfeitamente com aquela fase pseudorebelde do início da minha adolescência. Foi então que eu me apaixonei por aquele CD e, é claro, pelo Billie Joe Armstrong. Ah fala sério, eu tinha 13 anos, toda garota dessa idade tem uma paixonite idiota pelo vocalista de alguma banda!

E essa fase do Green Day foi ótima, eu tinha pôster no quarto, foto do Billie no fichário e assistia ao DVD do Bullet in a Bible cantando e achando o máximo ver as loucuras que a galera fez naquele show. Mas como tudo nessa vida, essa fase passou. Sim, eu ainda gosto do American Idiot, só que ele não representa mais o que representava antes, apesar de ter músicas realmente boas.

Então eu voltei a ficar naquela coisa de achar uma música legal aqui e ali, mas sem me comprometer com nada. Nunca gostei de axé, nem funk, nem sertanejo, nem MPB…Na verdade nem tive muito contato com isso. Quando criança eu era fã de Sandy e Júnior, Britney Spears e Spice Girls.

Sempre fui também muito influenciada pela minha irmã em vários aspectos da vida, e música é claro que não poderia fugir a regra. E foi de tanto essa menina escutar The Strokes que eu acabei gostando. Strokes não é uma coisa que você escuta e se apaixona de primeira, a maioria das músicas parecem ser iguais a primeira vista. Eu tenho certa resistência a escutar coisas novas, mas aquela voz do Julian Casablancas foi me conquistando aos poucos, até que eu me rendi totalmente aquela depressão regada de embriaguez. E descobri que as músicas eram lindas, que a banda é realmente boa e que o Julian me entende. Rsrs. Sério, o Julian vê me alma, somos iguais, pena que ele é casado.

E o que mais? Bom, o mais são algumas músicas que eu encontro por aí. Algumas músicas de bandas que são até legais, mas eu não acho certo falar que eu sou fã de uma banda só porque gosto de 3 ou 4 músicas dela. Aliás essa coisa de se classificar como fã é muito complicada, isso te impele a saber tudo sobre a banda e tal. Então, prefiro falar que não sou fã de nada. “Gosto muito de Strokes” é tudo que posso dizer.

Quanto a questão do estilo, pra isso ainda não tenho resposta. Não existe um estilo pra mim. Eu gosto daquela música que é triste e feliz ao mesmo tempo, música boa é aquela que eu posso ouvir na mais profunda depressão ou na mais plena alegria que continua sendo boa. Meu humor muda muito rápido, as músicas têm que ser versáteis pra me acompanhar.

Não posso dizer que sou uma pessoa apaixonada por música e que morro se não escutar música todos os dias, mas posso dizer que ela exerce grande influência sobre mim. Eu gosto de música em determinados momentos, e sim eu escuto as mesmas músicas sempre, repetidas vezes. Portanto nesse blog não podia faltar as frases que mais me chamam atenção nas músicas que eu gosto. Então elas estão aí no título de cada post e no final, com o nome da música e da banda.

11th Dimension – Julian Casablancas