O que está feito, está feito. Não que exista um arrependimento sincero de minha parte, o problema é somente a repercussão das coisas. A sensação é a mesma de uma onda se propagando na água depois que uma pedra foi jogada no lago. A onda atinge grandes proporções, causa uma movimentação danada, vai perdendo força e, depois de algum tempo, ninguém nem vai saber que uma pedra caiu ali.
Acredito que todas as coisas tem seu prazo de vencimento. A gente sempre acaba se cansando de tudo no fim das contas. Quando entrei na aula de dança, gostei tando que achei que dançaria pra sempre, mas agora as aulas me parecem extremamente entediantes. Todo mundo acaba sempre entediado, a gente se enjoa das coisas. E aí ou você decide largá-las ou espera até alguém decidir por você. Infelizmente sempre escolho a segunda opção. Por mais que eu esteja cansada, enjoada e entediada, acabo arrumando um motivo pra não abandonar a situção e simplesmente deixar as coisas irem. Talvez seja por algum tipo de apego que eu sinta pelas coisas às quais me acostumei, ou talvez seja medo de fazer a escolha errada.
Acho que eu sinto demais. Entende o que eu quero dizer? Sou uma pessoa sentimental ao extremo. Sofro demasiadamente por qualquer pedrinha que jogam na minha lagoa. Isso é uma droga. Eu devo sofrer de algum distúrbio, tenho algum transtorno psicológico, de personalidade, sei lá. As coisas demoram a entrar na minha cabeça e, quando entram, demoram a se encaixar e começar a fazer sentido.
Seguindo essa vida minha percebo que dou voltas e voltas, e acabo sempre parando no mesmo ponto: O QUE EU ESTOU FAZENDO? QUE M*RDA É ESSA QUE ESTÁ ACONTECENDO? ONDE É QUE EU FUI ME ENFIAR?
E pra essas perguntas eu tenho aquela boa e velha resposta: Não sei.
Primavera – Los Hermanos